sexta-feira, 22 de outubro de 2010

5º livro - UMA PORTA PARA DENTRO DA PEDRA


(Ano - 2002)



Alguns trechos:


RAMALHAR
Ao manso touro
do vento,
as leucenas
propiciam
as verdes drágeas
das folhas.
E a brisa
vai digerindo,
por trás das
rumens
das cercas,
as calorias
da tarde.



A CONTA
A conta
na medida,
a conta
no tamanho,
sem conta no amar.
Vida boa
pode ter,
todo aquele
que souber
este verbo
conjugar.
A conta
na medida,
a conta
no tamanho,
sem conta no amar.


AMIGOS
(para Carlos José Bezerra)
Amigos são certezas
sem endereços,
sem fusos
nem continentes.
Basta viver
no tempo deles.
Nada
mais.
Os braços dos amigos
pausam sempre,
em qualquer ombro.
Com um riso,
e um mesmo salto
a caírem
feito
um sol.

AH, AS MULHERES!
(Para Elza)
Admiras,
porque fácil eu durmo
e durmo bem.
E me abandono,
enquanto rondas
o mosaico
de meus pés.
Eu te esclareço.
São as certezas,
que ficam comigo,
provindas de ti,
quando o sol acende os jambos
e traz os galos
da alvorada.
Tu que as regas
com as águas de maio,
a poda dos olhos,
um toque sem grau,
cafuso silêncio,
de um mar sem parelha do Senegal.
Admiras,
porque fácil eu durmo,
e durmo bem.
É que me acarinhas
com teus cuidados,
tal qual minha mãe
com bênçãos fazia.


SAUDADE (para Josepha Máxima, minha mãe)
São muito curtas,
meus braços,
para vencer tais distâncias.
Onde andará
Dona Josepha
que me rende esta saudade?
Ah, pudera novamente
eu ser criança,
para ter outra vez,
minha mãe junto a mim:
Um seio quente,
moreno mimo,
a vida na minha,
um manto de rei.
Ai, onde andará
minha dona,
que me rende
esta saudade?


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